Atualmente, entende-se o bruxismo como um comportamento motor de etiologia multifatorial, que pode trazer consequências clínicas, ou não. É caracterizado pela atividade repetitiva da musculatura mastigatória, seja apertando e/ou rangendo os dentes, ou até mesmo sem que haja o contato dentário, apenas a contração muscular. Esse comportamento pode ocorrer a noite, durante o sono (classificado como bruxismo do sono), ou durante o dia, com o indivíduo acordado (bruxismo de vigília).
Dentro das possíveis causas do bruxismo estão os fatores genéticos, fatores psicossociais (como ansiedade, estresse e depressão), distúrbios do sono (como apneia obstrutiva do sono), refluxo gastroesofágico, além de fatores externos como o consumo de álcool, cigarro, cafeína e o uso de determinados medicamentos (como alguns ansiolíticos e antidepressivos).
O diagnóstico do bruxismo engloba algumas estratégias de avaliação, mas geralmente, pode se chegar a definição de um possível bruxismo através de um exame clínico feito por um profissional especializado. Dentro desta avaliação clínica entra o autorrelato do paciente, achados na inspeção física feita pelo profissional e, se necessário para um diagnóstico definitivo, o exame de polissonografia do sono. O relato do paciente em relação à queixas e sintomas é fundamental para formação da hipótese diagnóstica, porém, não é sempre que o bruxismo causará sintomas, ele pode causar apenas consequências clínicas como desgastes dentários, retração gengival, complicações protéticas ou até mesmo fratura nos dentes (é o que chamamos de sinais). Os sintomas que podem surgir são: dor na musculatura mastigatória e/ou na articulação temporomandibular (ATM), dor de cabeça (na região das têmporas), cansaço ou peso na região das bochechas, dificuldade de abrir a boca pela manhã ou ao fim do dia. Indivíduos com sinais de bruxismo nos dentes e/ou sintomas como esses descritos, devem procurar ajuda profissional. O fisioterapeuta especializado na área de dor orofacial entra como um profissional capacitado para auxiliar no manejo desse bruxismo.
É importante ressaltar que o tratamento para essas condições é feito por uma equipe multidisciplinar, podendo envolver fisioterapeutas, dentistas, psicólogos, neurologistas, entre outros. A intervenção terapêutica vai depender do tipo de bruxismo e das consequências clínicas observadas, mas dentro dessas intervenções destacam-se: orientações e aconselhamentos ao paciente, terapia cognitivo comportamental, dispositivos interoclusais (placa) e fisioterapia. A abordagem fisioterapêutica irá depender das queixas apresentadas pelo paciente, mas SEMPRE terá o aconselhamento e orientações como parte do tratamento.
Referências: Bruxism defined and graded: an international consensus
Tenreiro, M. Abordagens Fisioterapêuticas nos Distúrbios Cervicocraniomandibulares.
Rio de Janeiro: Tota, 2021.
