Aspectos multidimensionais da dor crônica: relação dor x emoção

Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada à lesão tecidual, real ou potencial, ou descrita em termos desta lesão. A dor é uma experiência com uma importante função para o nosso organismo: nos alertar que há algum problema com ele.

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Funciona como um alarme, e quando nos machucamos esse alarme dispara mandando informações para o cérebro de que algo precisa ser feito, daí o cérebro responde para combater esses sinais dolorosos e são ativados mais sistemas para ajudar a lidarmos com a dor.

No caso da dor crônica, esse alarme é disparado varias vezes aleatoriamente, mesmo que não tenhamos nos machucado. Os estímulos que são enviados ao cérebro são amplificados. “Mas como surgem esses estímulos, se não me machuquei?” Através de experiências armazenadas.  Lembra que a dor é uma experiência sensorial e emocional? A dor está relacionada com áreas no cérebro que processam as emoções. Em pacientes com dor crônica há algumas alterações nessas áreas, e não precisam necessariamente de uma lesão para que o alarme seja disparado. A resposta fisiológica de defesa do corpo pode ser gerada inconscientemente e involuntariamente e pode ser através da dor.

Então, como lidar com a dor crônica? Saber como o cérebro reage a dor pode ser o melhor caminho, mas não é uma tarefa simples. Deve ser feito de forma individualiza e interdisciplinar (envolvendo vários profissionais).

Na psicologia, a primeira vivência de dor – que marca nossa existência – é fruto do desamparo e dependência que o bebê sofre ao se dar conta do mundo exterior real. Ele percebe os perigos que envolvem o ambiente e cria a necessidade de ser amado, de que nunca mais nos livraremos. Nosso psiquismo é regido pelo princípio do prazer, isto significa que, o desejo necessita ser satisfeito e evitaremos o desprazer a qualquer custo.  No entanto, por conta do nosso arranjo social, que nos impõe algumas regras em formato de leis de caráter judicial e moral, muitos dos nossos desejos ficam no inconsciente por não poderem ser realizados.

No entanto, quando o desejo é forte bastante para ficar recalcado, nosso psiquismo cria saídas para ele ser satisfeito, o sintoma físico é uma delas. Há na dor algo que precisa ser satisfeito e, principalmente, elaborado para então ser ressignificado. A dor é uma maneira de nos livrar de um perigo, pois corremos riscos de ser presos e até de perder a vida se quisermos realizar todas as nossas vontades.

A dor crônica também pode estar ligada a eventos particulares, como por exemplo, um estresse pós-traumático – onde o sujeito passa por uma transição involuntária ou testemunha algo assustador, difícil de suportar psicologicamente. Nestes casos, a dor também terá a função de proteção, mas de forma disfuncional, pois interpretará um estímulo qualquer como ameaçador e constante, mesmo não sendo.

O corpo é a nossa casa. Observá-lo é encontrar as perguntas certas para chegar mais perto do autoconhecimento e, assim, se apropriar da chave que abrirá a porta da sua casa – ela é única. Ao passo que, negligenciar os sinais, nos leva a viver como convidados em nossa própria casa, aceitando regras de outros. É importante ser dito que, ter dor não é normal, nosso corpo foi feito para viver em harmonia e equilíbrio.

 

Texto escrito por Michele Galeno Fisioterapeuta CREFITO 226002-F

e Marcelle Rodrigues Psicóloga  CRP 05/46056


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Graduada em Fisioterapia pelo Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação, realizou MBA em Fisioterapia Traumato-Ortopédica e Fisioterapia Esportiva. Ainda possui especialização na área de Dor Orofacial e Disfunção Temporomandibular. Cursa o 1º ano da formação de Osteopatia pelo Instituto Docusse de Osteopatia e Terapia Manual (IDOT). É instrutora de Pilates por amor à terapia através do movimento. Rio de Janeiro - RJ


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